Facetas dentais são procedimentos que possibilitam a recuperação e o aprimoramento dos dentes e quando bem indicadas, planejadas e executadas, transformam o sorriso dos pacientes. E o que é melhor: não são necessários desgastes quando os dentes não estão escurecidos ou vestibularizados, especialmente, se utilizarmos resinas compostas. Neste post vamos abordar o uso de facetas na Odontologia, discutindo as indicações e possibilidades clínicas.
Inicialmente, através do caso mostrado abaixo, ilustramos o potencial das facetas no dia a dia de consultório. Neste paciente realizamos facetas com aumentos incisais de canino a canino sem a realização de qualquer tipo de preparo. Notem nas reanatomizações com resinas compostas como foi possível melhorar a largura ou o “espelhamento” dos incisivos laterais, recuperar o desgaste incisal e restabelecer a proporção nos incisivos centrais.
Apesar dos benefícios das resinas compostas, acreditamos que a decisão de facetar dentes será sempre difícil, principalmente, quando estamos diante de aprimoramentos de sorrisos com predomínio de dentes hígidos, os quais julgamos inicialmente satisfatórios. O descontentamento do paciente está relacionado, muitas vezes, a pequenos desalinhamentos dos dentes, que podem se apresentar estreitos, curtos ou ligeiramente assimétricos.
Mesmo considerando a vontade do paciente e a possibilidade de aprimoramento podemos julgar desnecessário restaurar estes dentes para alcançar um sorriso “ideal”, pois implica em realizar restaurações que requerem cuidados e manutenção. Importante neste momento nos colocar no lugar do paciente e discutir todas as alternativas.
A difícil decisão de facetar dentes
Na paciente abaixo observamos um sorriso bonito com dominância dos incisivos centrais, dentes bem alinhados e uma curva do sorriso adequada (coincidente com a curvatura do lábio inferior). Numa visão frontal notamos incisivos centrais em forma de “barril” e incisivos laterais um pouco estreitos, o que representava a queixa principal da paciente.
Diante de um belo sorriso, natural e com pequenas imperfeições, vale a pena refletir sobre a necessidade de adicionar resina nesses dentes. Será que a insatisfação da paciente é tão relevante a ponto dela preferir conviver com quatro dentes restaurados, por mais que sejam restaurações sem desgastes? Após discutir as possibilidades com a paciente ela preferiu não realizar o tratamento. Este caso serve para ilustrar a complexidade da decisão de tratamento quando diante de sorrisos satisfatórios e sem restaurações.
Já quando estamos diante de casos aparentemente mais complexos, em que o sorriso está comprometido pela presença de dentes escurecidos, fraturados, desgastados, mal posicionados, com restaurações deficientes ou diastemas, a decisão de tratar é mais fácil apesar da maior dificuldade técnica. Nas figuras abaixo mostramos algumas dessas situações.
Vale ressaltar que, independentemente da complexidade dos casos, uma avaliação ortodôntica pode e deve ser sugerida ao paciente. Muitas vezes, a realização de um tratamento ortodôntico previamente ao tratamento restaurador pode trazer grandes benefícios. Dentre eles, a diminuição do número de dentes a serem facetados ou a quantidade necessária de desgaste em cada dente.
Facetas dentais
Quando pensamos em facetas não devemos nos restringir ao simples ato de melhorar a cor dos dentes. Conseguimos ir muito além, podendo melhorar proporçōes dentárias, exposiçōes e curvas que contribuirão para o aprimoramento do sorriso. Ilustramos abaixo com alguns casos clínicos realizados com resinas compostas.
Resinas Compostas X Cerâmicas
O conceito de faceta está relacionado ao recobrimento total ou parcial da superfície vestibular dos dentes. Quanto mais dentes são recobertos, mais fácil harmonizar (homogeneizar) os resultados. Quando bem indicadas, as resinas e as cerâmicas podem produzir resultados fantásticos. Contudo, devemos lembrar que o comportamento óptico dos materiais não apresenta a mesma característica do esmalte dental. Além disso, esses materiais dependem da capacidade artística dos profissionais envolvidos, seja o dentista, o protético ou ambos.
Apesar de atualmente os preparos poderem ser extremamente conservadores, uma vez realizados, não temos a opção de voltar atrás. Aquele esmalte perdido não será recuperado! Por outro lado, existem casos onde nem sequer temos a necessidade de preparar. Simplesmente projetamos os dentes com o acréscimo do material restaurador, principalmente quando utilizamos resinas compostas.
Contudo, a decisão de recobrir dentes naturais deve ser criteriosa, pois é quase sempre irreversível, especialmente se utilizadas restaurações cerâmicas. Portanto, devemos ter em mente que a partir do primeiro recobrimento todos os trabalhos terão que ser um dia substituídos.
Casos clínicos
Vamos apresentar alguns casos clínicos tratados com facetas diretas em resinas compostas.
Caso 1- Reanatomizações dentais
Neste primeiro caso a paciente apresentava os incisivos centrais superiores com uma forma arredondada, sem dominância frente aos demais dentes, o que representava a sua queixa principal. Também notamos um sorriso reto com os incisivos centrais curtos, o que inviabilizava ainda a exposição desses dentes em repouso.
Realizado o diagnóstico, planejamos o aumento da altura dos incisivos centrais para melhorar a sua dominância ao sorrir e a exposição em repouso. Com isso, conseguimos devolver uma curva ideal do sorriso – ascendente para posterior e coincidente com a curvatura do lábio inferior. Os incisivos laterais também foram facetados incluindo aumentos incisais.
Após o enceramento, moldamos o modelo de gesso para a obtenção da guia de silicone. Com esta guia ou matriz de silicone transferimos algumas informações obtidas com o enceramento diagnóstico para otimizar a construção da camada palatina, definindo os novos limites proximais e incisal de cada faceta. Nas imagens a seguir ilustramos como o enceramento torna o resultado mais previsível.
Este caso foi realizado sem nenhum tipo de bisel ou preparo. Apenas projetamos os dentes com resinas compostas para vestibular, o que possibilitou melhorar o volume, a cor e a proporção. As reanatomizações com aumentos incisais favoreceram ainda uma melhor exposição de incisivos superiores em repouso e uma adequada curva do sorriso.
Para refletir
Na imagem abaixo podemos ver o espaço existente entre a superfície vestibular dos incisivos e o contorno vestibular da guia, obtido através do enceramento. Nota-se a projeção planejada para as restaurações garantindo apenas o acréscimo de resina composta nesses dentes. Se a escolha fosse por facetas de cerâmica provavelmente seriam necessários desgastes nas regiões onde percebemos o contato da guia com a estrutura dentária ou onde o espaço se apresenta insuficiente para a espessura adequada da faceta. Por mais que os desgastes sejam mínimos, ainda assim, removemos esmalte, o que é irreversível.
Este caso ilustra a nossa filosofia de trabalho que inclui, sempre que possível, um pequeno aumento de volume dos dentes para não desgastá-los e justifica porque acreditamos tanto na indicação das resinas compostas no dia a dia clínico, principalmente em pacientes jovens.
Caso clínico 2- Facetas em dentes escurecidos
Ao contrário do primeiro caso que reporta o tratamento de dentes hígidos sem alterações cromáticas, quando diante de dentes escurecidos, na maioria das vezes, necessitamos realizar um preparo para obter um melhor resultado. Se conseguimos projetar um pouco para vestibular os dentes, o desgaste se torna menor.
Nesse segundo caso temos uma paciente com alterações cromáticas nos dois incisivos centrais superiores devido a um trauma dentário na adolescência. Esses dentes apresentam ainda restaurações deficientes e observamos uma diferença de coloração quando comparamos às demais unidades. Notamos ainda que os incisivos centrais estão curtos e necessitam de aumentos incisais para o restabelecimento da curva do sorriso.
No planejamento indicamos facetas apenas nos incisivos centrais. Previamente às restaurações foi realizado o clareamento (técnica de consultório e clareamento caseiro) das demais unidades nas arcadas superior e inferior. Facetar dentes com a referência de dentes adjacentes com tons mais claros favorecem melhores resultados e os pacientes ficam mais satisfeitos. Sobre a técnica de facetas em dentes escurecidos faremos um post especial.
Uma semana após a finalização do clareamento os incisivos centrais foram preparados de forma conservadora e restaurados com resinas compostas. Neste caso conseguimos, ao facetar apenas dois dentes, melhorar a cor e a proporção dos incisivos centrais. Com o aumento incisal acentuamos a curva do sorriso, dando um aspecto mais jovial à paciente.
Importante tentar envolver a menor quantidade de dentes possível para uma transformação do sorriso. Entretanto, muitas vezes temos que restaurar mais dentes para alcançar um resultado uniforme ou ainda para recuperar as guias de desoclusão em caninos.
Caso clínico 3 – Restaurações estéticas em dentes desgastados
Neste terceiro caso temos uma paciente com sorriso alto que relata desconforto com a quantidade de gengiva exposta durante o sorriso e, também, com os dentes curtos e as coroas metalocerâmicas deficientes. Notamos um grande desgaste incisal com extrusão compensatória, o que contribui para a maior exposição de gengiva.
Após indicarmos uma avaliação ortodôntica para a paciente, a mesma manifestou o desejo de restaurá-los sem qualquer tipo de movimentação que adiasse o seu sonho. Diante dessa limitação, indicamos uma cirurgia de aumento de coroa clínica seguida de clareamento, para só depois realizar as restaurações estéticas. Importante deixar registrado junto à paciente que o tratamento proposto não inviabiliza a Ortodontia, caso a mesma resolva fazer no futuro.
Com a aprovação da paciente foi realizado um aumento de coroa clínica (por Dr. Sandro Bittencourt) para nivelamento de margens gengivais e diminuição da exposição gengival ao sorrir. Em seguida, realizamos facetas diretas nos seis dentes anteriores e substituímos as duas coroas metalocerâmicas por duas coroas em resina composta. Para melhorar o prognóstico, os aumentos incisais nos caninos foram planejados considerando restabelecer as guias de lateralidade direita e esquerda.
Caso 4 – Facetas para transformação do sorriso
Neste último caso apresentamos uma paciente que se incomodava bastante com a diferença de cor entre os dentes. Além disso, relatou desconforto com os formatos bastante diferentes entre eles, com os desgastes nas bordas incisais e algumas restaurações insatisfatórias. Podemos notar um aspecto amarronzado no incisivo lateral direito e acinzentado nos pré-molares, o que dificulta bastante o nosso trabalho, pois as estratégias utilizadas para cada coloração de substrato são totalmente diferentes.
O planejamento proposto envolveu facetas diretas do 2º pré-molar direito ao 2º pré-molar esquerdo. Após as restaurações, conseguimos melhorar o padrão de cor do sorriso, corrigindo ainda a forma e o tamanho dos dentes envolvidos. Notem como a pequena projeção dos pré-molares, sem nenhum tipo de preparo, melhorou a exposição destes dentes “iluminando” o corredor bucal. Alcançamos ainda uma melhor curva do sorriso e dominância de incisivos centrais, o que rejuvenesceu bastante o sorriso da paciente.
Enfim, com esses casos apresentados mostramos como as facetas dentais podem redefinir sorrisos, aumentar a autoestima e a qualidade de vida dos nossos pacientes. Este é, com certeza, o potencial da Odontologia atual.
Facetar ou não facetar?
Por mais que estejamos convencidos das transformações que conseguimos com as resinas compostas, antes de indicar ou de aceitar facetar os dentes cabe um momento de reflexão do dentista, do paciente e dos seus familiares. A decisão de facetar só é fácil quando existem severas alterações cromáticas, restaurações inadequadas, diastemas, desgastes dentais expressivos ou uma deficiência anatômica, a exemplo de incisivos laterais conóides como já discutimos. Esta decisão de facetar os dentes se torna ainda mais difícil diante de pacientes jovens, ou melhor, de dentes com aparência jovem.
Nesse contexto, antes de indicar uma faceta para o paciente, nos tranquiliza e dá mais segurança saber que um clareamento apenas não seria suficiente ou que a Ortodontia realmente não seria a melhor opção. Mais fácil se torna a decisão quando também estamos tratando a função e temos os recursos e conhecimento necessários para a resolução estética, confiantes na longevidade dos resultados.
Sempre que possível é melhor facetar um dente ou, às vezes, metade desse dente, embora nós saibamos que quantos mais dentes forem envolvidos se torna mais simples o alcance de um padrão de cor e a harmonização dos resultados. Entretanto, será que vale a pena desgastar mais dentes para a obtenção de um resultado estético? Seria esta a melhor solução?
Considerações finais
Hoje existe uma supervalorização da estética dental pelas mídias, um apelo por um sorriso perfeito. Isso não deixa de ser bom para nós dentistas e estimula nos pacientes o sonho de recuperar e/ou melhorar o seu sorriso. Apesar das facetas fazerem parte do nosso dia a dia, nunca consideramos simples a decisão de facetar um dente e, por isso, devemos sempre envolver o nosso cliente nesse processo.
Cabe a nós, profissionais de saúde, identificar as indicações e planejarmos de forma criteriosa e individualizada cada caso. Diante de facetas dentais vale lembrar que existe uma linha tênue entre o belo e o artificial. Neste post nós quisemos compartilhar esta reflexão! E você se sente confortável em desgastar os seus dentes?
Excelente, Léo!! Muito relevante a reflexão sobre o que e como tratar, sempre avaliando a necessidade do tratamento. E os casos tratados ficaram lindíssimos e funcionais. Parabéns!!
Com certeza! Obrigado por prestigiar nossa publicação, Érica!
Abraço.
Conteúdo muito rico!! Parabéns, adorei ????????????!
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Muito bom o conteúdo, só aumentou meu interesse pelo assunto.
Maravilha, meu amigo! Siga nos acompanhado, toda semana publicamos um post novo. Em breve serão publicados mais posts sobre Facetas. Sugiro a leitura do post: https://leomunizodonto.com.br/dentes-escuros-e-o-tratamento-endodontico-cuidados-e-resultados-clinicos/ pois apresentamos dois casos clínicos tratados com a confecção de facetas em resinas compostas.
Um forte abraço!
Parabéns Leonardo.
A decisão de facetas ou resinas realmente é muito difícil.
Penso igual a vc.
Grande abraço.
Walterval
Maravilha amigo! Muito bom saber que mais pessoas compartilham o mesmo pensamento.
Abraço